Ana Carolina, cores e mulheres
Desde a estréia em disco, em 1999, a cantora mineira Ana Carolina, 37 anos, não saiu das paradas e conquistou o respeito do público e da crítica com uma personalidade forte que não adormece no berço esplêndido da fama e que tenta conciliar relevância artística e compromisso com o sucesso popular. Depois de N9ve (2009), seu melhor trabalho, com participação especial de John Legend, Esperanza Spalding e Chiara Civello, e que vendeu 150 mil cópias, Ana apresenta um álbum despretensioso e intimista, mas igualmente bem cuidado: Ensaio de Cores – Ao Vivo (Sony).
Primeiramente em CD, com DVD e Blu-Ray – gravados ao vivo no Citibank Hall, Rio, com direção de José Henrique Fonseca – previstos para este semestre, Ensaio de Cores é fruto de um show/projeto nascido em 2010. Nele, a compositora misturou sua música e a apresentação, pela primeira vez, de uma exposição de telas de sua autoria.
“Sempre gostei de pintura, mas a paixão se tornou mais real em 2002, pouco antes do lançamento de Estampado. Foi um álbum emocionalmente conturbado. Para aliviar a aflição de registrar as canções em estúdio, eu pintava para ver aquelas músicas que só ouvia. Acabei criando uma tela para cada canção. Não parei mais depois disso”, explica.
Com a sua bela casa no Jardim Botânico, no Rio, cada vez mais cheia de telas, Ana Carolina pensou num show no qual também pudesse expor sua habilidade na pintura, com parte da renda revertida para entidades que cuidam de prevenção e educação em diabetes – a cantora é diabética desde os 16 anos. Projetadas como cenário durante o show, que ganhou fôlego e passou por mais de 12 cidades do Brasil, as bonitas telas da cantora são expostas e colocadas à venda nos foyers das casas e teatros onde ocorrem as apresentações. A quantidade de telas depende do espaço físico do local.
Acostumada à crítica musical, Ana cai na risada quando questionada se está preparada para encarar outro tipo de crítica: a de artes plásticas. Em dezembro, ela inaugurou sua primeira mostra individual, na Galeria Romero Britto, na badalada rua Oscar Freire, São Paulo, com 15 telas. “Por enquanto, nem quero ser chamada de pintora (risos). Vou precisar de bem mais tempo para isso. De qualquer maneira, antes de expor minhas telas, fui ouvindo opiniões de pessoas que entendem do assunto. Na verdade, não quero somente a beleza, mas, sobretudo, a comunicabilidade visual. Ao pintar, eu não tenho os limites que conheço e que invento para a música”, afirma.
Outra característica importante do show e do álbum Ensaio de Cores é o seu tom feminino, celebrando a mulher já a partir da banda que acompanha Ana Carolina (ela canta, toca guitarra, violão, pandeiro e baixo), formada pela pianista Délia Fisher, a violoncelista Gretel Paganini e a baterista e percussionista baiana LanLan. As duas primeiras composições evidenciam a relação pintura, música e mulheres do trabalho: Rai das Cores, de Caetano Veloso, e a neobossa As Telas e Elas, da própria Ana, e cuja letra mescla uma paquera feminina com citações de Klint, Miró, Renoir, Monet, Ramirez…
Com a sua primeira música de trabalho, Problemas, na trilha da novela Fina Estampa, o repertório de Ensaio de Cores ressalta ainda a face de intérprete de Ana Carolina. Além de sucessos próprios e das inéditas Você Não Sabe (Antônio Villeroy) e Pra Tomar Três (samba em parceria com Edu Krieger), a artista interpreta novidades em sua voz como Todas Juntas Num Só Ser (Lenine e Carlos Rennó) e Força Estranha, sucesso de Roberto Carlos composto por Caetano Veloso.
Não é fácil reler Força Estranha, que tem gravações poderosas com o Rei Roberto e Gal Costa, mas a interpretação de Ana é marcante. Muitas vezes, ela é aplaudida em cena aberta. “A versão de Gal para Alguém Me Disse, que também canto no show, é definitiva, mas a ‘voz tamanha’ de que fala a letra de Força Estranha sou eu” (risos), diz convicta.
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* Matéria publicada originalmente no jornal CORREIO*, dia 16 de janeiro de 2012.
Postado em 17 de Janeiro de 2012 pela equipe do blog
ANINHAAAAA linda como sempre, fazendo divulgação de "ENSAIO DE CORES": trabalho que eu, particularmente, amo de todo meu coração porque é amplo, abrangente e tem tudo a ver com a minha personalidade. É sempre delicioso saber dela...ANA, que eu amo tanto...amo de verdade!!! Amo com todas as cores.
ResponderExcluirMais um sucesso! Aliás, como tudo o que ela faz...
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