Reportagens

Vídeo em que Ana Carolina interpreta canção de Chico Buarque bomba na Internet

De boca aberta, cantor e compositor assiste versão da mineira para 'Retrato em Branco e Preto'
Rio -  Um vídeo gravado pela cantora Ana Carolina no ano de 2010 vem fazendo sucesso no Youtube. Nele, a mineira interpreta um clássico do cantor e compositor Chico Buarque, "Retrato em Branco e Preto", na presença do próprio. O que chamou a atenção dos internautas, no entanto, não foi a música em si, e sim a expressão de Chico Buarque ao ouvir a interpretação de Ana Carolina.




Enquanto a cantora faz caras e bocas ao interpretar a canção, Chico, de boca aberta e olhos um pouco arregalados, acompanha, atento, a versão de um de seus maiores sucessos. "O Chico se divida entre a aflição e o espanto. "Tá aprendendo" foi eufemismo", comentou @Zitarrosa1984. Para @thewdor a expressão de Chico Buarque foi o que mais chamou sua atenção: "G-ZUIX! KD O GOVERNO? O melhor foi a cara dele: "ela tá acabando, o que vou dizer?".
Para @cabelodeleao, no entanto, a cantora arrasou: "Gente a letra da música é linda sem dúvida. Porém a Ana Carolina deu vida a mesma, com seus arranjos só na voz e no violão !!! O Chico embasbacado quase baba por tamanha inteligência de Ana. Eu ficaria orgulhoso se alguém fizesse isso na minha canção. Valeu Ana, HUMILHOU".

Ao final da apresentação, Ana solta uma gargalhada e Chico afirma: "Tá aprendendo".






Tarde com Ana Carolina



Às vésperas de estrear o show N9ve, a cantora conversou sobre vida fora dos palcos



Segunda-feira, dia 11, 40 graus à sombra. Cheguei à casa no Jardim Botânico, com direito a elevador panorâmico. No 4º andar, em uma sala repleta de instrumentos musicais, Ana Carolina me recebeu com um abraço afetuoso. A cantora tinha chegado, na noite anterior, de um spa, onde se submeteu a uma dieta rigorosa. O resultado era visível: mais magra e com um semblante lindo. Na intimidade daquela que nasceu no dia 9/9, lançou o primeiro disco em 1999 e, para fechar a conta, disponibilizou 99.999 CDs batizados N9ve, com 9 canções, desvendei a alma de AC.












Os números

Tenho uma mania: de contar tudo: palavras, cores, números... (neste momento, eu olho para a janela e digo: “Nossa, que dia lindo” e Ana replica: “Frase par”). Às vezes, transfiro essa ansiedade para as telas: fiz um quadro e contei 4.585 pontos (a obra de arte está na entrada da casa dela – segunda foto, no alto). Tudo começou depois do acidente de carro que sofri, em 2001, na Barra da Tijuca. Foram 20 pontos na cabeça, uma perna imobilizada e muito tempo em cadeira de rodas. Foi terrível. Em alguns momentos passava o tempo... contando. Hoje, quando começo a contar sei que pode ser para o bem ou para o mal. Estou contando... preciso resolver alguma questão. Tento descobrir e voilà! Vou solucioná-la!




















Terapia

Tenho 10 anos de carreira e faço terapia há 10 também. Eu morava em Juiz de Fora, tinha uma vida completamente diferente, quando, de repente, no primeiro CD, eu vendo 100 mil cópias em seis meses. Trabalhei muito e, agora, tenho de continuar a trabalhar mais ainda. A terapia me ajuda. Quando resolvo começar a contar durante a sessão, o terapeuta sabe que estou tentando fugir daquela conversa.


A pintura

Pintei dos 16 anos aos 18 e só voltei aos 27. Comecei como uma brincadeira para acompanhar uma paixão, em Juiz de Fora. Hoje, é um dos momentos mais prazerosos do dia e tenho uma fila de amigos para presentear com meus quadros. Aproveito a atividade para escutar as fitas-demo que compositores e cantores mandam. Tem horas que eu interrompo bruscamente o processo de criação porque ouço versos como: “Sai da posição de borboleta e vem lagarta para mim”. Como posso continuar a pintar depois de ouvir isso?




O silêncio

Desde muito criança tive de conviver com ele. Meus pais foram amantes e eu nasci dessa relação secreta. Na infância e na adolescência tinha de esconder meu sobrenome. Agora, fui para o avesso do que precisei esconder. (No recente álbum, N9ve, a música Traição tem a ver com esse passado e diz: “Há traição e no fim do caminho, perdão/ Uma curva escondida, entrada e saída/ Vontade perdida de amar”). O silêncio, hoje, é necessário antes de eu ter de tocar mil vezes um instrumento até a canção tomar uma forma. Preciso também do silêncio antes de um show para aguentar ouvir a minha voz, aos berros, durante uma hora e meia. Quando viajo para uma apresentação, saio de casa usando fones nos ouvidos. Vou para o aeroporto, entro no avião, enfrento horas de voo e fecho totalmente o som externo. É um exercício para o meu canto.


CelebridadeNão gosto de ser chamada de celebridade. Essa palavra não me interessa! Eu sou "música"!

Carreira

Significa trabalho. Componho como uma louca! Perco o táxi, a hora de comer, tudo para fazer uma canção. Muitos não sabem o quanto é trabalhoso o artesanato da música. Adoro uma frase que diz: “Para criar, você deve ter a tranquilidade de um artesão e a crítica do New York Times na cabeça”. Eu tenho a perfeita noção de que as glórias são transitórias. A estabilidade = carreira = trabalho árduo.




Internet

Sou viciada em internet, durmo e acordo com o laptop na cama. Youtube, sempre. Surfo o tempo todo na web. Amo conferir listas. Coloco lá: companhia aérea e vejo aquelas cujos aviões menos caíram. Faço pesquisas interessantíssimas. Ontem, descobri que uma cantora iraniana pagava a uma rádio para tocar músicas dela o dia inteiro (risos).

Rio de Janeiro e Minas

O Rio é Parque Lage e Lagoa. Minas, em linhas gerais, significa muita coisa para mim. Minas guarda minhas lembranças de criança, parte da minha história e, principalmente, me ensinou tudo antes de eu chegar aqui.

Ana por Ana

Não levo nada a sério, apesar de parecer levar. Detesto muito barulho e gente




Jornal Zero Hora, 16 de Maio de 2010: "Autorretrato de Ana Carolina".


Em entrevista à Zero Hora deste último domingo (16), Ana Carolina revela que o show com Maria Bethânia e Alcione, em 2005, foi uma cena inesquecível, que gostaria de reviver.




Preta Gil tasca beijo na boca de Ana Carolina em gravação de DVD

Postado em (Palco CULT) por admin em 23-10-2009

Na noite da última segunda (19/10), aconteceu na boate The Week, no Rio de Janeiro, a gravação do DVD da atriz e “cantora” Preta Gil, filha de Gilberto Gil. Em meio a muitos convidados especiais, a gravação contou com a participação da cantora e compositora mineira Ana Carolina, que cantou junto com Preta o sucesso “Sinais de Fogo”.

Pois bem: ao final da música, Preta, que adora uma polêmica e de besta não tem nada, tascou um beijo na boca de Ana, que retribuiu com todo amor e carinho. O público que lotou a boate foi ao delírio, com gritos, e muitos pedidos de bis. Na área vip, muitas celebridades de primeira grandeza: Luciano Huck, Angélica e Claudia Jimenez.
Preta já está virando musa da comunidade gay nacional. Em 2007, foi Rainha da Parada Gay de Salvador/BA, e neste ano participou dos eventos em alusão à X Parada pela Diversidade Sexual de Fortaleza.


Cantora Ana Carolina arma escândalo em restaurante paulistano

segunda-feira, 16 de junho de 2008


Ana Carolina protagonizou um escândalo no restaurante paulistano Spot na madrugada desse domingo (15). A cantora chegou ao local por volta das 2h da manhã com um grupo de amigos desesperada - gritando com o maitre - por uma mesa e jantar. Ao ficar sabendo que a cozinha só servia pratos até a 1h, ela fez um escândalo. “Como assim? O Ritz fica aberto até as 4h da manhã”, gritou indignada, referindo-se a outro restaurante da cidade, que, na verdade, também só fica com a cozinha aberta até a 1h.


O maitre, que pediu que a estrela esperasse enquanto ele verificava na cozinha o que poderia fazer, voltou com a notícia de que conseguiria servir entradas e pratos frios. Ana escolheu, então, a área de não fumantes para sentar, mas seus amigos, 13 no total, acenderam cigarros durante o jantar. Minutos depois, seguranças entraram com quatro pacotes do Mc Donalds e deixaram na mesa.


Enquanto tomava vinho e comia lanche de hambúrguer, a cantora satirizou sua parceria musical com a sambista Jovelina Pérola Negra. “Ela estava tão velha que não conseguia entrar na cabeça da música. Tivemos que repetir 30 vezes”, disparou.


Fonte: IG Gente
Gritos femininos abafam voz de Ana Carolina em show

15/06/2008 

A cantora Ana Carolina fará mais três shows em SP; ao todo, serão nove apresentaçõesO sucesso é tanto que a temporada do show da turnê do CD e DVD "Multishow ao Vivo: Ana Carolina - Dois Quartos", da cantora mineira Ana Carolina, prevista para ser encerrada neste domingo (15), teve que ser prorrogada até 22 de junho.
Divulgação
Cantora Ana Carolina apresenta turnê "Dois Quartos" em São Paulo até dia 22 de junho
O público fiel da artista lota todas as cadeiras disponíveis no HSBC Brasil, em São Paulo, onde ela apresenta seu novo trabalho desde o último dia 6, de sexta a domingo. Neste sábado (14), quando a Folha Online assistiu à apresentação, o movimento de pessoas já era grande na porta da casa às 21h, uma hora antes do horário marcado para o começo do show, que atrasou cerca de meia hora.
O show estreou em Belo Horizonte em julho do ano passado e já foi visto por mais de 300 mil pessoas. O trabalho é resultado da primeira produção do selo Armazém, do qual Ana Carolina é dona.
Gritos histéricos
Assim que o alto-falante anuncia a ficha técnica do show, que tem direção de Monique Gardenberg, a platéia, formada majoritariamente por mulheres, começa a gritar, ensandecida. Os gritos são tantos que não se escuta mais o nome de ninguém.
Uma cortina espelhada, como as de cabaré, vai do alto ao chão do palco, e é detrás dela que surge Ana Carolina, de terninho preto, tocando baixo, sob som do estalar de dedos de sua banda. A estética brega está presente o tempo todo no cenário de Gringo Cardia, como na cortina de rosas vermelhas que surge mais para o meio do show.
De cara, ela canta "Cantinho" (Ana Carolina/Gastão Villerov), que tem versos descarados como "olhou bem nos meus olhos/chupou meu pau". Ela emenda com a canção "Eu Sou Melhor Que Você" (Maurício Pacheco), que traz o verso: "Todo homem tem voz grossa e tem pau grande, que é maior do que o meu, do que o seu". Novos gritos histéricos.
Acertada e precisa, a iluminação de Maneco Quinderé é uma espécie de décimo integrante da banda de nove músicos que acompanham Ana, formada por Sacha Amback (teclados), Vinny Rosa (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Iura Ranevsky (violoncelo), Leonardo Reis e Siri (percussão), Jorginho Gomes (bateria) e Jurema e Jussara (vocais). A produção musical é assinada por Ana Carolina ao lado de Marcelo Sussekind.
Um telão que desce detrás das cortinas apresenta imagens de pernas femininas e de cenas eróticas sadomasoquistas lésbicas, para Ana Carolina cantar "Eu Comi a Madona" (Ana Carolina/Mano Melo/Antônio Villeroy/Alvim L.). As fãs adoram. Na animadinha "Rosas" (Antônio Villeroy), Ana tenta dançar, um pouco descompassada. A platéia gosta ainda mais e, claro, grita e faz propostas indecorosas à cantora. Para uma mais afoita, ela responde: "Eu também te amo". E o show segue.
Bethânia, Mart'nália e Preta Gil
Após a quinta música, Ana cumprimenta a platéia. "São Paulo está cada vez mais colorida", provoca. Depois conta a história da música que fez para Maria Bethânia, que ligou para a casa dela e ganhou "Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar", feita em parceria com Jorge Vercilo.
A cantora lembra que Mart'nália também já ganhou a sua canção, o sucesso "Cabide", carro-chefe do momento samba do show, que tem belo cenário formado por latas furadas dependuradas. Preta Gil também é lembrada, quando Ana Carolina canta "Sinais de Fogo" (Ana Carolina/Antônio Villeroy), música que deu para amiga filha do ministro Gilberto Gil se aventurar como cantora.
Um aquário é trazido para o palco, para produzir sons a partir da água, que introduzem "Confesso", outra feita com Villeroy. Ana toca piano em "É isso aí", sem Seu Jorge, que gravou a versão dela para a música de Damien Rice em 2005, no álbum "Ana e Jorge".
Protesto
O show tem até momento-protesto, com imagens de soldados em um telão, enquanto a cantora canta as músicas "Nada te Faltará", outra parceria com Villeroy, e "O Cristo de Madeira", composição que assina sozinha.
Ana tenta declamar um texto de sua autoria, inspirado livremente no poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e no russo Boris Pasternak. Mas os gritos das fãs abafam sua voz. Ninguém escuta direito.
A cantora italiana Chiara Civello e o músico gaúcho Antonio Villeroy fazem participação especiais em duetos com Ana Carolina. A voz da platéia sobressai mais uma vez em "Quem de Nós Dois", versão dela e de Dudu Falcão para a música de Gean Luca Grignani e Massimo Luca. Ana escuta o público cantar o hit. Afinada, Ana Carolina não inova muito e reproduz os arranjos das canções já conhecidos no CD e DVD.
No bis, o DJ Zé Pedro, que trabalhava no extinto programa de Adriane Galisteu, surge mascarado com suas bolas coloridas no remix de "Eu Comi a Madonna", que encerra a noite. Ensandecidas, as fãs correm para frente do palco, para desejar e tirar fotos de Ana Carolina até o último instante possível.

Fonte : uol


"Saia Justa" usa Ana Carolina para fisgar lésbicas, dizem gays

28/06/2006

O canal pago GNT escolheu a cantora mineira Ana Carolina, 31, para integrar o programa "Saia Justa", com o objetivo de alavancar sua audiência atraindo telespectadoras lésbicas. A avaliação é de representantes da comunidade GLS ouvidas pela Folha Online.

Em dezembro de 2005, Ana Carolina foi capa da revista "Veja", admitindo ser bissexual.

"Acredito que 90% das fãs de Ana Carolina são lésbicas", entrega a empresária Cida Araujo, 54, dona do bar-restaurante Farol Madalena, um dos points preferidos das meninas na badalada Vila Madalena (SP).

Divulgação
Cantora Ana Carolina nasceu em Juiz de Fora (MG) e chegou a freqüentar curso de Letras
Cantora Ana Carolina nasceu em Juiz de Fora (MG) e chegou a freqüentar curso de Letras
Para a coordenadora do Um Outro Olhar, portal de notícias direcionado ao público lésbico, Míriam Martinho, as meninas vão ficar ligadas agora no "Saia Justa" para ver as "cutucadas" que as outras participantes do programa vão dar em Ana Carolina.

"Todo mundo duvida de sua bissexualidade. Mas não importa se ela ainda é um pouquinho enrustida. O que pegou mal foi Ana Carolina se negar a apoiar a parada, de evitar fazer show em casa GLS, de afrontar a militância dizendo que não há necessidade de organização da comunidade gay", dispara Míriam.

F. Beltramin/Folha Imagem
Laura Finocchiaro comemora Ana Carolina no "Saia Justa"
Laura Finocchiaro comemora Ana Carolina no "Saia Justa"
A dona do Farol Madalena confirma que Ana Carolina se negou a realizar um show na boate The Week, em São Paulo. A empresária queria promover uma festa no final do ano passado com a artista.

"Recebi a notícia de que Ana Carolina não se apresenta em casa GLS. Fiquei muito chateada. Não interessa se ela é gay ou não. Um artista tem de ser profissional. Hoje muitos cantores heterossexuais fazem shows em boates gays", afirma Cida.

Arquivo pessoal
Cida Araujo, 55, é dona do Farol Madalena, point lésbico
Cida Araujo, 55, é dona do Farol Madalena, point lésbico
Já a cantora e militante Laura Finocchiaro comemorou a assinatura do contrato de Ana Carolina com o canal GNT.

"Acho ótimo que Ana Carolina participe de um programa tão bacana como o 'Saia Justa'. Considero Mônica Waldvogel, uma jornalista/apresentadora impecável. Betty Lago e Márcia Tiburi formam uma boa 'dose dupla'. Portanto, tenho certeza que a participação desta cantora, assumidamente bissexual, será muito bem-vinda e ampliará o mosaico formado por todas estas artistas de primeira", diz.

Na opinião de Laura, a participação de Ana Carolina revela o "compromisso do programa e do canal GNT com o novo, com a diversidade, com a quebra de qualquer espécie de preconceitos".

Reprodução
Revista estampou Ana Carolina na capa
Revista estampou Ana Carolina na capa
Além de Ana Carolina, o programa vai ter, a partir de agosto, a participação da atriz e escritora Maitê Proença. As duas foram escolhidas após a saída da atriz Luana Piovani.

"Estamos muito animados com esta oxigenação no 'Saia Justa' e temos certeza de que o programa só sairá ganhando", diz Letícia Muhana, diretora do GNT, para quem o "espaço para a irreverência e a polêmica ficará ainda maior".

Em comunidades virtuais, a notícia publicada pela Folha Online foi postada em fóruns. Fãs questionaram sobre os riscos da exposição de Ana Carolina no "Saia Justa", uma vez que a cantora "já tem o seu lugar na história fonográfica brasileira", "não precisa entrar em outras áreas para estar na mídia", "não precisa provar nada a ninguém". Apesar das dúvidas, alguns participantes dessas comunidades disseram que torcem pelo sucesso da cantora no programa, apesar de Ana Carolina ser "tímida" e "reservada" com suas questões pessoais.

A reportagem da Folha Online procurou a assessoria da cantora Ana Carolina para ouvir a artista sobre sua futura participação no "Saia Justa" e a repercussão do anúncio do GNT. A assessora da artista informou que só poderá falar com a reportagem após terminar uma reunião.

Fonte : uol

Especial
...E daí?
"Acho engraçado quando alguém chega a meu camarim e diz:
 'Que coragem a sua de cantar Eu gosto de homens e de mulheres!'.
 Poxa, 'coragem' é uma expressão muito antiquada nessa área"


Na semana passada, a cantora Ana Carolina deu uma entrevista a VEJA que contém uma confissão pessoal e ao mesmo tempo é o reflexo de uma mudança e tanto na forma como os jovens brasileiros encaram a sexualidade. Ana Carolina falou sem meias palavras sobre suas preferências. "Sou bissexual", disse ela. "Acho natural gostar de homens e mulheres." O que chama atenção é que ela trata do assunto com leveza. E, é importante frisar, sem ter a mínima intenção de fazer proselitismo em favor de causas políticas. "Sou contra essa postura de levantar bandeiras para defender o homossexualismo, pois fica parecendo que ser gay é uma doença", diz. Ana Carolina é hoje uma das artistas que mais vendem discos no Brasil. Desde 1999 ela lançou quatro CDs, que ultrapassaram a marca de 1,5 milhão de cópias vendidas. Somente neste ano foram 800 000 unidades, mais da metade de toda a carreira. Seu mais recente lançamento, Ana & Jorge, feito em parceria com o cantor carioca Seu Jorge, atingiu a vendagem de 125 000 discos em apenas duas semanas. Não é exagero dizer que 2005 foi seu ano de ouro – e a naturalidade com que expõe sua sexualidade só reforçou seu carisma.
Nascida em Juiz de Fora, Ana Carolina vem de uma família de músicos. Seu avô cantava em igreja e a avó era artista de rádio. "Dizem, aliás, que ela teve um affair com o forrozeiro Luiz Gonzaga – mas não me pergunte se foi antes ou depois de conhecer meu avô", conta. Ana Carolina é autodidata: aprendeu a tocar violão, guitarra e pandeiro sozinha. Hoje em dia, diz que domina a "matemática da música", embora ainda não saiba ler partituras. A cantora lembra que na adolescência, ao mesmo tempo em que dava os primeiros passos musicais, já demonstrava interesse por ambos os sexos. "Namorei quatro garotos, depois uma menina, em seguida outro garoto e mais tarde uma menina outra vez", diz. Aos 16 anos, ela tomou a decisão de contar para a mãe que se sentia diferente das amigas. "Fiz isso de supetão. Estávamos falando de um assunto qualquer e eu soltei a confissão, como se não fosse nada. 'Mãe, eu gosto de homens e de mulheres. Dá para a senhora me passar aquele negócio ali, por favor?'" A opção da filha foi respeitada, ainda que mais tarde ela tenha enfrentado cobranças. "Tive de ser mais dura com minha mãe, para reafirmar minha condição. Mas aí ela aceitou de vez, e hoje nos damos bem", conta.

Peter Iliccev/O Dia/AE
"Sempre apreciei as intérpretes que botam tudo para fora ao cantar, como se fosse o últino dia de sua vida. Cantar alto me deixa excitada"
Ana Carolina começou da mesma forma que tantos artistas anônimos: cantava em barzinhos. Seu repertório tinha canções de Edu Lobo e Chico Buarque, além de músicas próprias. "O barzinho é uma escola maravilhosa, desde que você não cante apenas sucessos que tocam na rádio, imitando as versões originais. Desse jeito, você nunca encontra a própria personalidade." Ana Carolina ainda era desconhecida quando encontrou uma figura que marcaria sua carreira: a cantora Cássia Eller. "Quando Cássia foi a um show meu, eu me senti como se tivesse ganho a Cruz de Malta", diz. As duas ficaram amigas e, depois da morte de Cássia, Ana Carolina herdou parte de seus fãs.
Gustavo Stephan/Ag. O Globo
Ana Carolina descobriu que era bissexual na adolescência. Quando tinha 16 anos, ela decidiu contar à mãe. "Gosto de homens e de mulheres. Dá para pegar aquele negócio ali, por favor?" A cantora, no entanto, não descarta a idéia de um dia se apaixonar por um homem. "Se isso acontecer, caso de véu e de grinalda, e ninguém irá me impedir."


O forte da cantora são as baladas – mas ela faz bom uso de seu vozeirão para lhes dar um toque mais dramático do que intimista. "Cantar alto me deixa excitada", diz ela. Além de compor, Ana Carolina tem gravado canções de medalhões e novos nomes da MPB. Ela tem uma visão realista do gênero em que atua. "Não acredito que surgirão na música brasileira movimentos musicais tão inovadores quanto a bossa nova e o tropicalismo. Mas isso não é o fim do mundo. Vamos fazer música de qualidade, nem que não seja uma revolução", diz. Os shows de Ana Carolina têm público eclético. Há fãs lésbicas que bradam palavras de ordem enquanto ela entoa baladas românticas, e também casais heterossexuais. Quando a cantora apresenta sua versão bossa nova de Eu Gosto É de Mulher, sucesso do grupo de rock paulistano Ultraje a Rigor da década de 80, a platéia sempre se entusiasma. "É uma canção machista, misógina até, mas sempre divertida." Outro ponto alto se dá quando ela interpreta uma música que estará em seu próximo disco, Eu Gosto de Homens e de Mulheres. "De vez em quando alguém chega a meu camarim e diz: 'Que coragem cantar essa música!'. Sempre recebo bem esse tipo de elogio, mas acho que aí está a diferença da minha visão. Acho 'coragem' uma expressão muito antiquada nessa área. Nossas inclinações sexuais não deveriam causar medo."
Atitudes como a de Ana Carolina atraem dois tipos de oposição. Sua maneira de falar de sexo parece ultrajante para os conservadores, mas também incomoda muitos homossexuais aguerridos, que gostariam de vê-la empunhando a bandeira do arco-íris. Ana Carolina pertence a uma era pós-engajamento. Parte da militância não se conforma com suas negativas a se apresentar na Parada Gay paulistana ou em casas noturnas voltadas a esse público. "Acho que passeatas e discursos no estilo 'nós, os homossexuais' só alimentam uma visão estereotipada", diz. Inspirada por autoras como a americana Camille Paglia, que admira por suas polêmicas no âmbito do feminismo e da cultura gay ("O que mais me incomodou num assalto por que passei foi levarem por acaso um livro dela", brinca), a cantora não quer ser aprisionada num nicho. "Posso até estar saindo com uma mulher, mas se eu me apaixonar por um homem e decidir casar com ele na igreja, de véu e grinalda, ninguém vai impedir", diz.

Nicole Bengiveno/The New York Times
A comediante Ellen DeGeneres: sem problemas em admitir que é gay
As atitudes de aceitação ou rejeição social da homossexualidade variaram ao longo da história. Na Grécia e na Roma antigas, era um comportamento socialmente aceitável, especialmente quando envolvia um homem mais velho e um adolescente. A religião judaico-cristã, porém, ergueu pesadas interdições. São Paulo, na epístola aos Romanos, diz que os homens que "se queimam de paixão" uns pelos outros praticam "relações contra a natureza" e são, portanto, vergonhosos. A hipocrisia sempre deu um jeito de contornar as proibições. E o privilégio econômico também se traduzia em vantagens no terreno sexual: o poeta inglês Lord Byron, um ícone do romantismo gótico que gostava tanto de homens quanto de mulheres, observou que todas as perversões que eram condenadas nas classes médias eram perdoadas aos que, como ele, pertenciam à aristocracia. Mesmo assim, esperava-se que os ricos fossem discretos na prática de seus comportamentos "desviantes". O escritor e dândi irlandês Oscar Wilde foi julgado como homossexual porque seu caso com lorde Alfred Douglas se tornara tão conspícuo quanto o extravagante casaco verde-garrafa que ele adorava vestir. Condenado a dois anos de prisão e trabalhos forçados, Wilde se tornou um ícone da causa gay. A punição da homossexualidade como crime ainda vigoraria no século XX, especialmente em contextos autoritários como a Alemanha nazista e a União Soviética. A tendência, porém, foi o comportamento ser tirado do âmbito judicial para ser lançado no terreno médico – ou seja, a homossexualidade passou a ser vista como doença. Foi só nos anos 70, por exemplo, que o DSM – uma espécie de "listão" de distúrbios psíquicos, utilizado por psiquiatras no mundo todo – excluiu a homossexualidade de seu catálogo de distúrbios psicológicos.

Bridgeman Art Library/Getty Images
HOMOSSEXUALISMO NA ARTEO deus Júpiter se disfarça em mulher para seduzir a ninfa Calisto (foto), no quadro do pintor flamengo Rubens (1577-1640); o poeta Lord Byron fazia apologia da bissexualidade e dizia que o que era aceitável para a aristocracia nem sempre valia para as classes mais baixas; as esculturas romanas exaltavam a beleza do corpo masculino
A última década viu as mudanças culturais em relação à sexualidade se acelerarem de maneira marcante. Isso é perceptível na televisão – a maior caixa de ressonância do pensamento e dos hábitos contemporâneos. A comediante americana Ellen DeGeneres assumiu sua homossexualidade em público em 1997, no auge do sucesso de uma série que estrelava, e, desde então, a TV americana vê crescer a cada ano o número de produções que abordam o universo gay. Há séries leves como Will & Grace e apimentadas como The L Word, sobre um grupo de lésbicas glamourosas de Los Angeles. No Brasil também há mais liberdade. Novelas como Mulheres Apaixonadas e Senhora do Destino trataram recentemente do lesbianismo sem causar rejeição. Nessa última, Aguinaldo Silva levou a trama até onde nenhum noveleiro havia ousado: o par formado pelas atrizes Mylla Christie e Bárbara Borges chegou a dividir a mesma cama e a adotar uma criança.
Retratar a homossexualidade, contudo, é diferente de assumi-la – mais ainda da maneira como Ana Carolina faz. O preconceito ainda é uma realidade, e as dificuldades para "sair do armário" continuam passando pelos mesmos pontos sensíveis: o medo do impacto junto à família e no trabalho. "Profissionais de qualquer tipo, mas principalmente os que lidam com o grande público, tendem a adiar a decisão de assumir para não se prejudicarem", diz Sônia Alves, diretora do instituto DataGLS, que pesquisa o público gay. "Ainda não é fácil se assumir. Se fosse realmente fácil, teríamos um monte de atrizes e cantoras se revelando homossexuais", diz o escritor e militante João Silvério Trevisan.
Para o psicólogo Ritch Savin-Williams, professor da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, já está em andamento a revolução que falta – aquela que vai substituir o escândalo em torno das diferenças sexuais por uma saudável naturalidade ou até mesmo pela indiferença. Savin-Williams, que pesquisa há mais de vinte anos as implicações sociais do comportamento gay, acaba de publicar o livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), no qual defende a tese de que os jovens contemporâneos estão "dando um fim à era da identidade sexual". Em suas palavras, uma parcela considerável dos adolescentes de hoje em dia "não se sente embaraçada pela ambigüidade sexual, não a considera desviante e a percebe por todos os lados". Segundo o pesquisador, o uso de categorias sexuais para separar, isolar ou discriminar estaria diminuindo de maneira acelerada. "Para muitos jovens, ser rotulado como gay já não importa muito. Os adolescentes cada vez mais redefinem, reinterpretam e renegociam sua sexualidade de tal forma que possuir uma identidade gay, lésbica ou bissexual praticamente não tem significado", disse ele a VEJA.

Divulgação
Divulgação/TV Globo
DA VIDA PARA A FICÇÃOO seriado The L Word (à esq.), exibido pelo canal de TV paga Warner, fala do cotidiano de um grupo de lésbicas. À direita, Jenifer e Eleonora, o casal gay da novela Senhora do Destino, da Rede Globo: a audiência aprovou
Pesquisas recentes têm revelado mudanças importantes na maneira como os jovens vivenciam a própria sexualidade. Um levantamento recém-concluído com 10.260 homossexuais brasileiros mostra que hoje eles se assumem mais e mais cedo. Realizado por meio da internet pelo DataGLS, o censo mostra que 73% dos gays entrevistados se assumiram antes dos 24 anos. Ritch Savin-Williams apresenta dados ainda mais espantosos sobre os Estados Unidos. Ele revisou mais de uma dezena de estudos que demonstram que a idade média em que as pessoas se dão conta de desejos homossexuais (ou os assumem para si mesmas) caiu nas últimas décadas. Ela era de 14 anos para meninos e 17 anos para meninas, na década de 60. Nos anos 90, passou a ser de apenas 10 anos para garotos e 12 para garotas.
Neste ano, a MTV brasileira patrocinou uma pesquisa sobre o universo jovem que também traz informações curiosas. Dos 2.359 moradores de sete capitais brasileiras com idade entre 15 e 30 anos ouvidos durante a enquete, 40% disseram se incomodar com a visão de dois homens se beijando. Caso sejam duas mulheres, o índice é de 31%. São números consideráveis, mas não expressam uma maioria. A abertura para experimentações tornou-se um traço marcante do comportamento jovem – e aí se incluem tanto a experimentação heterossexual, como no hábito de ficar com diversas pessoas durante uma balada, quanto a homossexual. Uma das teses levantadas pela pesquisa da MTV é a de que existe um aumento da tolerância, mesmo que não da aceitação, relativamente aos gays. Outros entrevistados chegaram a cogitar até mesmo da existência de uma "moda" em torno do comportamento gay ou, ao menos, ambíguo. "Antigamente você podia até ter vontade, mas não chegava a fazer. O que acontece agora é que há muita abertura para experiências", disse uma jovem de classe média de Salvador. Transformações marcantes seriam visíveis entre as meninas. Garotas de 13 a 17 anos, por exemplo, têm "testado" com freqüência o beijo entre amigas. Como observam os psicólogos – inclusive para tranqüilizar pais preocupados –, essa atitude não significa que as meninas sejam ou venham a ser necessariamente lésbicas. Beijar uma amiga é mais um indício de liberdade, de ausência de preconceitos e do desejo de não se deixar capturar por nenhum rótulo.
"As mudanças em direção a uma maior aceitação da diversidade estão em andamento. Não há volta para isso", diz Savin-Williams. Segundo ele, as atitudes negativas em relação à homossexualidade ainda terão eco por bastante tempo, mas são contrabalançadas pela percepção de que é cada vez mais custoso e fútil manter de pé velhas barreiras. Ana Carolina é ícone de uma geração que está deixando para trás o peso de um preconceito ancestral. Obviamente, constatar isso, e compreender essa nova visão naturalizada da sexualidade, não equivale a incentivar nem muito menos a convidar todos a uma vida gay. Como diria o intelectual brasileiro Roberto Campos, parodiando os lordes ingleses: "Agora que tornamos a homossexualidade aceitável, não precisamos dar o último passo e torná-la obrigatória".